03 de fevereiro de 2022

A produção sustentável de frutas sempre foi uma preocupação e uma meta para produtores brasileiros. O Brasil atualmente é um dos principais players e exportadores de frutas do mundo, com isso os fruticultores têm optado cada vez mais por práticas que assegurem uma agricultura que poupem recursos, diminuam a emissão de carbono para a atmosfera, reduzindo assim o efeito estufa e preservando o ambiente em que estão inseridos. Os produtores estão também comprometidos com os aspectos de segurança para o consumo das frutas produzidas, dando especial atenção na questão dos resíduos de pesticidas, procurando, na medida do possível tecnicamente, substituir produtos químicos por sistemas de controle integrado de pragas e doenças que ofereçam maior segurança para o consumidor.

Uma dessas práticas é o uso de bio-insumos na produção de frutas, especialmente na viticultura. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), houve um crescimento de mais de 30% no uso de bio-insumos nos últimos 2 anos. E ainda segundo dados da Embrapa, a produção de uvas no Brasil significa mais de 1,5 milhões de toneladas/ano, das quais 50% é destinada ao processamento, para a elaboração de vinhos, sucos e outros derivados, e os outros 50% comercializada para consumo in natura. A fruta ocupa uma área de, aproximadamente, 78 mil hectares, com vinhedos estabelecidos em todo o território nacional.

“O grande volume de exportação uvas brasileiras faz com que seja necessário equalizar e criar estratégias inteligentes para que a sustentabilidade econômica do setor seja também alcançada. O uso de bio-insumos é um grande aliado. Já que ele reduz o custo de produção, oferece um controle de pragas e doenças, ajuda na fertilidade do solo, nutrição das plantas e dos estresses abióticos, além de ter como característica a não-toxidade, o que faz com que se tenha produtos ainda mais seguros para o consumo”, explica Jorge de Souza, responsável pelo projeto Frutas do Brasil, da Abrafrutas.

O que são bio-insumos?

Os bio-insumos abrangem desde sementes, fertilizantes, produtos para nutrição vegetal e animal, defensivos biológicos feitos a partir de micro-organismos para controle de pragas e doenças de plantas, ou ainda produtos fitoterápicos ou tecnologias que têm ativos biológicos na composição. Já os inoculantes são produtos, processos ou tecnologias que contêm micro-organismos aplicados para estimular o desenvolvimento das plantas.

Podem ser utilizados durante todo o ciclo da cultura, mesmo em períodos de pré-colheita e ainda na colheita sem ter qualquer risco de resíduos que possam afetar a saúde do consumidor final. O processo produtivo desses bio-insumos contribui também para a redução das mudanças climáticas, já que emite muito menos carbono que o processo de manufatura dos produtos fitossanitários químicos. “Hoje, graças ao crescimento da indústria de produtos BIOLÓGICOS e naturais, é possível combater pragas, doenças e reduzir a quantidade de fertilizantes, produzindo alimentos livres de resíduos. Estamos usando a própria natureza para tornar a agricultura ao mesmo tempo mais sustentável e mais rentável ”, comemora Antônio Zem, CEO da Biotrop, empresa brasileira que atua com foco em pesquisa e desenvolvimento de soluções inovadoras, com o objetivo de contribuir para uma agricultura mais sustentável, saudável e regenerativa. Antônio é também produtor de uvas de mesa no maior polo de produção dessa fruta no Brasil, o Vale do Rio São Francisco, na região semiárida do Brasil.

Mais de 30 anos de pesquisas
No Brasil existem várias frentes de pesquisa e fomento ao uso de bio-insumos. A Embrapa investe em pesquisas de controle biológico desde os anos 80. São cerca de 30 unidades de várias regiões brasileiras, onde a premissa básica é controlar as doenças e pragas agrícolas, bem como os insetos transmissores de doenças, a partir do uso de seus antagonistas e inimigos naturais. É um método de controle racional e sadio que não deixa resíduos nos alimentos e são inofensivos ao meio ambiente e à saúde da população.

Existe ainda o Programa Nacional de Bio-insumos do Ministério da Agricultura, que tem como objetivo ampliar e fortalecer a utilização desses produtos para a promoção do desenvolvimento sustentável da agropecuária brasileira. Através do programa é possível acessar via aplicativo a lista de produtos de origem biológica indicadas para cada fim, como nutrição, controle de pragas e doenças, entre outros. A ideia é consolidar um catálogo nacional de insumos biológicos, facilitando o acesso a uma ampla base de informações, de forma fácil, rápida e gratuita, para utilização na produção agrícola, armazenamento e beneficiamento de produtos agropecuários.

O fortalecimento do uso de bio-insumos na agricultura brasileira segue uma tendência mundial do setor agrícola na busca pelo aumento da produtividade, aliado à redução de custos e ao desenvolvimento de sistemas de plantio baseados em recursos mais sustentáveis. A avaliação é do Secretário de Inovação, Fernando Camargo, ao projetar avanços na sustentabilidade da agricultura brasileira.

De acordo com o Programa Nacional de Bio-insumos o número de defensivos biológicos registrados no ministério tem avançado. São 265 produtos, entre bio-acaricidas, bio-insecitidas, bio-fungicidas e bio-formicidas, e 315 inoculantes, um insumo biológico que contém micro-organismos com ação benéfica para o crescimento das plantas.

O registro de um bio-defensivo, no Brasil, passa por procedimentos de avaliação de eficácia e aplicação no campo avaliados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em relação ao grau de toxicidade para humanos, a análise cabe à Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a avaliação de impactos toxicológicos ao meio ambiente é de responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A produção de frutas no Brasil é sustentável, segura, além de muito saudável e com uma diversidade enorme de sabores incríveis e exóticos.