Exportação e logística: entenda como as frutas brasileiras chegam aos mercados internacionais
O mercado exportador de frutas no Brasil ainda é visto internamente como modesto, embora seja o terceiro maior do mundo e tenha potencial de expansão – uma vez que apenas 3% da produção nacional é vendida ao exterior. Segundo dados da Abrafrutas – Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados, o Brasil fica atrás apenas da China e Índia.
Mas você sabe exatamente como as frutas brasileiras chegam aos mercados internacionais? O processo de venda começa a partir do momento em que há um país interessado nos produtos brasileiros. De acordo com Erika Campelo, diretora comercial da FTrade, o pagamento sempre acontece após o processo logístico, e o valor da venda pode ser definido em diferentes cenários. Um deles é o preço fixo estabelecido a partir do momento em que a mercadoria chega em seu destino. Também há a possibilidade de negociação de um preço mínimo garantido, no qual um valor sobre o produto é agregado sobre a venda ao consumidor, podendo variar conforme a qualidade, quantidade em estoque e época do ano. Ela cita, também, negociação consignada, que é totalmente aberta sem valores mínimos, sendo suscetível às condições de mercado. Venda consignada não é a melhor alternativa para o produtor-exportador.
As frutas enviadas via logística aérea tendem a ser as mais delicadas, e por isso, precisam chegar em seu destino próprias para o consumo. O envio e distribuição acontece de forma rápida, em um mercado onde o consumidor está disposto a pagar um valor maior agregado pela qualidade e eficiência do frete aéreo. Erika Campelo explica que as quantidades enviadas em transporte marítimo tendem a ser maiores, enquanto a carga aérea tende a ser mais específica e exclusiva. Estas frutas são, inclusive, identificadas por etiquetas que indicam que foram transportadas de avião: “Eles sabem que é uma fruta mais cara, mas sabem que têm uma maior qualidade. Empresas que trabalham com logística aérea têm uma área dedicada para esse processo para um mercado alvo identificado para esse tipo de fruta”, explica.
Frescor tropical
Ao longo de toda a cadeia produtiva, entre a colheita e distribuição da fruta, existe uma preocupação para que o produto esteja fresco do início ao final do processo, para que assim chegue apropriadamente ao consumidor final. No processo logístico marítimo, o tempo mais curto de transporte leva oito dias, quando a carga sai do Brasil e é enviada para a Espanha. Os processos mais longos podem levar até duas semanas. Para garantir a qualidade das frutas, o transporte se dá em contêineres refrigerados e até de atmosfera controlada, que tornam a maturação mais lenta.
Os principais países importadores são exigentes quanto aos resíduos de defensivos agrícolas e controle de pragas. Os Estados Unidos, por exemplo, exige que a manga passe por um tratamento térmico e que o mesmo seja aprovado pelo órgão Food and Drug Administration, FDA. A uva, por outro lado, precisa passar por um processo de resfriamento por quinze dias para garantir o cumprimento das medidas fitossanitárias. As fazendas produtoras também são visitadas regularmente pelos órgãos competentes dos países importadores para serem avaliadas e certificadas para exportação.
Erika Campelo destaca que o processo de exportação exige investimentos financeiros e burocráticos do produtor de frutas. É necessário um conhecimento detalhado sobre a fruta produzida e disposição para buscar certificações e processos que atendam às exigências de qualidade e exportação dos países importadores. Embora o processo seja viável para pequenos produtores e os custos iniciais tenham retorno garantido, muitos escolhem atuar apenas no mercado interno, pois a mudança exige sair da zona de conforto.
Para Erika, a internacionalização é uma oportunidade para produtores que querem faturar na alta do dólar e euro, além de também beneficiar o mercado consumidor brasileiro: “O mercado doméstico também está muito mais exigente. Hoje, nós consumidores, compramos os mesmos produtos que são vendidos ao exterior. Quando produtores adotam processos de exportação, melhoram a sua eficiência produtiva e, consequentemente, o lucro e o mercado nacional acaba ganhando também com frutas de melhor qualidade”, conclui.
Sobre o Frutas do Brasil
A Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados), em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), está empenhada em promover o crescimento dos exportadores brasileiros. Este projeto visa expandir seus negócios, abrir novos mercados, destacar as qualidades das frutas brasileiras e incentivar o consumo de frutas saborosas e de alta qualidade.
Sobre a Abrafrutas
A Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) é uma associação sem fins lucrativos que tem por finalidade representar e promover a fruticultura brasileira frente ao mercado internacional. Criada em 2014, a Abrafrutas conta com aproximadamente 70 associados produtores exportadores de frutas e detém aproximadamente 85% do volume total das frutas frescas exportadas pelo Brasil.