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Tecnologia brasileira reduz perdas pós-colheita e melhora qualidade das frutas

24 de junho de 2025

Monitoramento térmico da Embrapa registra temperatura da fruta em tempo real; inovação está em processo de patenteamento

O Brasil, um dos principais produtores de frutas do mundo, ainda enfrenta um desafio que impacta diretamente a segurança alimentar e a competitividade no mercado internacional: as perdas pós-colheita. Estima-se que, em algumas variedades, até 80% da produção seja perdida antes de chegar ao consumidor final. Diante desse cenário, a Embrapa desenvolveu uma nova tecnologia que promete transformar a forma como as frutas são tratadas após a colheita, aumentando a qualidade e reduzindo significativamente o desperdício.

A inovação consiste em um sistema de monitoramento térmico aplicado diretamente nas frutas durante o tratamento hidrotérmico — um banho controlado de água quente utilizado para eliminar fungos e microrganismos. A grande novidade está nos sensores termopares, inseridos dentro da fruta, que registram a temperatura de forma precisa em tempo real. Esses dados permitem ajustes imediatos no processo, garantindo que todo o fruto receba o tratamento ideal.

Essa precisão é essencial para o controle de fungos como o mofo verde, além de microrganismos que liberam micotoxinas prejudiciais à saúde. Outro ganho é o fortalecimento natural da fruta. O calor induz reações bioquímicas que selam microferidas presentes na superfície da casca, reforçando a barreira contra agentes externos e ampliando a vida útil do alimento. Como resultado, segundo a Embrapa, reduz-se também a necessidade do uso de agrotóxicos, o que é especialmente importante para atender mercados exigentes como União Europeia e Estados Unidos, que impõem rígidos limites de resíduos nos produtos importados.

Os impactos econômicos dessa inovação são expressivos. Em uma experiência real com a cadeia produtiva do caqui no Rio de Janeiro, a adoção da tecnologia desenvolvida pela Embrapa reduziu as perdas de 16% para apenas 4,5%. Isso gerou um retorno financeiro significativo, com recuperação de mais de 50% do investimento em pesquisa e aumento no valor de mercado da fruta. A estimativa é de que, apenas nessa aplicação, cerca de 20 toneladas anuais de caqui deixem de ser desperdiçadas.

A tecnologia está em processo de patenteamento, e a Embrapa busca parcerias para escalar a aplicação em outras frutas e regiões. Trata-se de uma solução que une inovação, sustentabilidade e competitividade. Ao preservar a qualidade do alimento, reduzir o desperdício e diminuir o uso de insumos químicos, o Brasil dá um passo estratégico rumo a uma agricultura mais eficiente e alinhada às exigências globais.

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